domingo, 20 de maio de 2018

Semana André Carneiro cresce a cada edição




















Nessa quinta edição, que aconteceu de 05 a 11 de maio de 2018, a Semana André Carneiro foi especial. Meses antes, em fevereiro, a cidade ganhou o Centro Cultural André Carneiro - um marco na cultura do município. O nome não poderia ser mais apropriado e reforça a importância em dar visibilidade ao nome e a obra de nosso artista mais representativo. As ações da Semana André Carneiro certamente contribuíram para isso, fato que nos alegra e motiva.



A Semana teve sua abertura oficial no sábado, dia 05 de maio, às 19 horas, no próprio Centro Cultural André Carneiro - local que passa a abrigar a partir de agora as edições seguintes. A cerimônia foi conduzida pela escritora Juliana Gobbi, que fez a apresentação das autoridades, organizadores e familiares do homenageado ao público presente. O Secretário de Cultura e Eventos Rui Tiago Oliveira abriu a noite falando da importância da Semana e da sua continuidade. Henrique e Mauricio Carneiro, filhos do André, destacaram a obra e a vida do pai como artista e morador da cidade. Márcio Zago, idealizador e curador da Semana, falou das exposições “EspaçoPleno” e “Colagens/Poemas”, lembrando tratar-se de material inédito em Atibaia.  Falou ainda do lançamento dos “Cadernos da Semana” e da importância do “1º Prêmio Semana André Carneiro de Literatura – categoria poesia” como forma de estímulo a participação de artistas locais e regionais na programação do evento. Em seguida foi apresentado o espetáculo “O Brasil do André”, com direção de Juliana Gobbi e texto de Gilberto Sant’Anna. Nele os músicos Flávio Rodrigues e Cristiane Barbosa perfizeram a trajetória musical do tempo em que André Carneiro viveu em Atibaia, permeado de fatos históricos da cidade e do país.




No domingo, dia 06 de maio, às 17 horas, houve leitura de poemas pelo escritor Carlos Alberto Pessoa Rosa ao público presente. A ação aconteceu no espaço externo do Centro Cultural, reunindo no deck lateral um público atento à leitura que intercalava comentários e observações sobre cada tema apresentado. Em seguida os ouvintes foram convidados a entrar no espaço interno onde acorreu uma intervenção cênica com alguns integrantes do projeto As Linguagens da Dança, do IAC Garatuja. A performance propunha uma livre interpretação do poema “Sangue”, do livro EspaçoPleno editado em 1963.




Na segunda-feira, dia 07 de maio, às 16 horas a continuidade foi com a oficina “André na Rua”, proposta do poeta Thiago Cervan. A atividade aconteceu na Escola Carlos José Ribeiro e envolveu cerca de vinte e cinco jovens que trabalharam o estêncil e suas aplicações no ambiente urbano. Foi a primeira vez que houve uma atividade educacional dentro de escola utilizando como temática o artista atibaiano.




Terça-feira, dia 08 de maio, às 19 horas, com ausência da educadora Josette Manzani – da UFSCAR, a proposta “Cinema Comentado” foi substituída pela exibição de filmes produzidos em Atibaia por integrantes do grupo cultural formado nos anos cinquenta e liderados por André Carneiro. Foram exibidas quatro curtas metragens, que foram analisados e comentados pelo público presente após a exibição. A noite contou com a presença de vários alunos do EJA, da Escola Carlos José Ribeiro, assim como da Lina, ex-mulher do André, que marcou presença em quase todos os eventos.



Na quarta-feira, dia 09 de maio, às 19 horas, aconteceu a palestra “André Carneiro – De Atibaia para o mundo”, proferida pelo editor Silvio Alexandre. De maneira didática e utilizando-se de farto material visual, o palestrante resumiu a rica trajetória de André Carneiro e sua importância para a cidade. O publico presente, em sua maioria de escolas públicas, pode conhecer as várias facetas do artista e sua relação com a cidade.



Na quinta, dia 10 de maio, às 19 horas, aconteceu um “Bate papo”, ou roda de conversa, sobre a influência de André Carneiro na formação cultural do município com a presença de Gilberto Sant’Anna, Nelson de Souza, Juliana Gobbe, Carlos Alberto Pessoa Rosa, Araceles Stamatil, Diva Passador, Irma Vasquez e outros. O bate papo foi gravado e preserva importantes depoimentos de amigos e colegas que conviveram com André Carneiro em Atibaia e acompanharam muitas das ações protagonizadas por ele em diferentes áreas de atuação.



Encerrando a programação, na sexta, dia 11 de maio, às 19 horas, foi exibido o vídeo “Coleção Centenário de Oswald de Andrade”, com depoimento de Dulce Carneiro falando da influência de Oswald em sua formação artística. Dulce, irmã do André, foi à homenageada dessa edição. Dulce Carneiro foi poeta, fotografa e pioneira no jornalismo de moda. Ela fez parte do grupo de artistas que na década de quarenta/cinquenta marcou de forma inquestionável o histórico cultural do município. Ao lado do irmão e do amigo César Mêmolo Junior, Dulce foi responsável pela criação de nosso maior patrimônio cultural erudito: O jornal Literário “Tentativa”. O vídeo foi cedido pelo MIS - Museu da Imagem e do Som de São Paulo e constitui num raro material de pesquisa sobre a obra e o pensamento dessa grande e desconhecida artista de Atibaia.

Durante toda a programação a Semana contou com significativa presença de participantes para um evento que propõe voltar-se à formação de público.  As escolas E.E.Major Juvenal Alvim e E.E. Carlos José Ribeiro, através dos alunos do EJA, se envolveram com interesse nas propostas. Houve ainda marcante participação do público em conhecer melhor o artista atibaiano, alguns presentes todos os dias. No total tivemos cerca de 400 pessoas atingidas diretamente nos sete dias de evento. A exposição segue até o final de maio, aumentando sua abrangência. Foram sorteados diariamente vários Kits contendo os livros “André Carneiro Fotografias” e “Fotografias Achadas, Perdidas e Construídas”. No total foram distribuídos 38 kits, ou 76 livros doados pelos familiares do André. A distribuição desse material faz parte da proposta inicial do projeto que é disponibilizar sua obra a um maior número de interessados.

A cada edição a Semana André Carneiro se firma como um evento que veio para ficar. Um passo importante nesse sentido foi iniciar o processo de criação de uma comissão de apoio formado por pessoas com afinidade e identidade com o projeto e o homenageado. Sem qualquer vínculo político partidário, a intenção é agrupar e fomentar a participação da sociedade civil na elaboração e realização das próximas edições da Semana André Carneiro garantindo sua continuidade e independência. Embora a iniciativa original tenha partido do Instituto Garatuja, através de seu fundador e atual curador, Márcio Zago, sua realização só é possível graças ao empenho da Prefeitura de Atibaia, através da Secretaria de Cultura e Eventos. Esse é um modelo de parceria que acreditamos conter garantias de continuidade para esse projeto frente às constantes instabilidades da área cultural.

Exposições "EspaçoPleno” e “Colagens/Poemas” seguem até o final do mês.


















Segue até o final de maio as exposições “EspaçoPleno” e “Colagens/Poemas”, no Centro Cultural André Carneiro. É uma boa oportunidade para quem deseja conhecer melhor a obra do artista atibaiano que mais influiu na formação cultural do município. EspaçoPleno propõe uma visão individualizada sobre as 29 pranchas que compõem o livro objeto de mesmo nome. Editado em 1966 pelo Clube de Poesia, EspaçoPleno é o segundo livro de poesia de André Carneiro. Mais que um livro, é um objeto de arte de confecção quase artesanal. A concepção visual foi do artista plástico uruguaio Luis Díaz, que separou cada poema em folhas avulsas acondicionadas numa caixa. As xilogravuras que ilustram os poemas foram impressas no processo tipográfico que imprime um caráter único a cada exemplar. Pela importância alcançada e sua reduzida quantidade, o livro encontra-se arquivado como “obra rara” na Biblioteca Nacional. O livro recebeu o Prêmio “Alphonsus de Guimaraens”, da Academia Mineira de Letras e tem o prefácio do escritor Domingos Carvalho da Silva. Saiba mais clicando aqui. A segunda exposição é Colagens/Poemas, onde o homenageado reúne duas de suas habilidades: a colagem e a poesia. São 30 pranchas montadas sobre Duratex no tamanho 30 X 40 cm realizadas nos anos oitenta e representam uma pequena parte da profícua produção de André Carneiro nessa técnica. André adorava recortar, colar e reinventar significados com diferentes materiais: páginas de revistas, fotos, papéis coloridos e outros. Fez isso durante toda vida e usou desse recurso para fazer capas de livro, ilustrações e quadros.  Esse material foi exposto somente no Sesc do Carmo em 1983, portanto inédita em Atibaia. Nelas a poesia e a colagem se fundem não como mera imagem ilustrando a palavra, mas numa perfeita integração.